O cristão não é e
não pode ser uma pessoa comum. Quero dizer com isto que o cristão tem suas
características a partir de uma vida transformada pela imensurável graça de
Deus. O Novo Nascimento é essencial, é o ponto inicial, para se ter a natureza
de Cristo.
O cristão não é uma pessoa melhorada; não é alguém que num momento
da vida se deu conta que podia melhorar aspectos do caráter e da personalidade,
esforçou-se para tal, e atingiu um nível acima da média.
É comum nos dias de
hoje ouvirmos a partir de muitos púlpitos a exaltação da pessoa; e por ser tão
corriqueira estas exposições acaba-se por deixar de lado a condição de pecado e
a necessidade de uma vida transformada pelo poder do Evangelho. Mas a verdade é
que não existe características cristãs no homem sem que primeiro ele tenha sido
vivificado pelo poder vivificador do Evangelho.
Paulo diz que por meio da graça o homem é "[...] feitura sua
[de Cristo], criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou
para que andássemos nelas" (Efésios 2.10).
Paulo fala que o homem sem Deus está (espiritualmente) morto em
delitos e pecados (Efésiso 2:1,5; Colossenses 2.13). A definição para delito é: "Crime, fato voluntário punível pela lei penal. Qualquer fato ofensivo às leis ou aos preceitos da moral."
O homem é moralmente caído, cheio de ofensas e sem a glória de
Deus (Romanos 3.23).
Portanto para se ter um caráter cristão é preciso ser uma nova
criatura. Isso é obra de Deus, operada pelo Espírito Santo. Não é possível por
outro meio qualquer (Salmo 119.93; João 3.5; João 16.8; 2 Coríntios 5.17; 1
Pedro 1.3).
Temos na Palavra de Deus expressões tanto positivas quanto
negativas que descrevem o caráter do crente. Jesus, no Sermão do Monte, começa
descrevendo como "humilde de espírito", isto é, vazio de si mesmo, ao
aproximar-se da luz reconhece sua posição de pecador e necessitado da graça
salvadora; vive uma vida de arrependido, ou seja, o pecado não lhe domina mais;
tem atitudes que externam a transformação interior, por isso: não mente, não
rouba, não difama, não vive em orgias e dissoluções, não se prostitui, não anda
em confusões - esses são alguns nãos sobre as características de um homem
transformado - vivendo como cristão.
Mas o homem não torna-se cristão por cumprir estes nãos. de forma
alguma. Ele é capaz de cumprí-los por ser cristão. A partir da transformação
pelo poder do Evangelho é que começa a viver na dependência da ação do Espírito
Santo para ser moldado dia-a-dia ao propósito do Eterno.
Em Romanos 12 Paulo exorta a buscar o renovo da mente. A
estagnação, a indiferença, o relaxamento com a vida para com Deus pode levar a
sérias consequências negativas. Paulo disse: "Rogo-vos pois, irmãos pela
compaixão de Deus, que [...] não vos conformeis com este mundo".
Podemos nos conformar a palavras, procedimentos, circunstâncias,
entre outras. O sistema do mundo é incompatível com o caráter cristão. Na há
conformação entre a cosmovisão cristã e outra cosmovisão qualquer. À igreja de
corinto Paulo escreve repreendo-os que as ações deles não caracterizavam um
cristão, mas um carnal; aos Gálatas escreve que as obras da carne sufocam o
fruto do Espírito, e isso pode levar a sérias consequências como
características provocativas e invejosas - características de quem não
crucificou a carnes com suas paixões e concupiscências (Gálatas 5.24-26).
Segue o versículo: "[...] mas transformai-vos pela renovação
da vossa mente". O cristão deve ter uma atitude positiva com relação a
Palavra de Deus. Aqui Paulo diz que o cristão deve transformar-se. Mas o que
significa isso? Se olharmos em termos de literatura diríamos que estamos em
vantagem aos cristãos destinatários da carta. Pois nunca houve tanta literatura
falando sobre o potencial humano como temos hoje. Mas Paulo não está abordando
aqui a auto-ajuda, o potencial puramente humano.
Paulo aborda aqui a renovação a partir da perspectiva divina:
"PELA compaixão de Deus", isto é, a partir de Deus é que nos
renovamos. Ele é a fonte, sem Ele é impossível. Dele vem os recursos
necessários possíveis para se viver dessa forma.
A falta de renovo pode distanciar o crente das verdadeiras
características que o identificam como um crente em Jesus. Não sejamos
mórbidos, letárgicos com relação a vida no temor de Deus. Pelo contrario,
vivamos a vida com Cristo prosseguindo para o alvo (Filipenses 3.12ss).
Em Cristo,
Adriano Fernandes
Nenhum comentário:
Postar um comentário