sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

CONTRIBUINDO COM ALEGRIA E LIBERDADE

Texto base: 2ª Coríntios 8:1-7

Na sua segunda carta aos Coríntios, no capítulo 8, Paulo trata da coleta feita aos irmãos da Judéia. Uma breve análise dos versículos 1-7 mostra-nos como deve ser uma contribuição financeira. Nestes dias, onde o que mais se fala no meio evangélico, infelizmente, é em dinheiro, uma olhada nestes versículos pode esclarecer muita coisa. E dessa forma abrir o entendimento para uma correta contribuição (não barganha) para a obra do Senhor. Portanto, a contribuição deve ser um ato de alegria, fruto da sua liberdade em Cristo.

Certa vez perguntaram ao compositor alemão Franz Joseph Haydn qual a razão de suas composições sacras serem tão alegres. Ele respondeu:

- Não posso fazê-las de outro modo. Quando penso em Deus e em Sua graça manifestada em Jesus Cristo, meu coração fica tão cheio de alegria que as notas parecem saltar e dançar da pena com que escrevo. Já que Deus me tem dado um coração alegre, deve ser-me permitido servi-lo com alegria.[i]

Todas as atitudes do cristão devem ser motivadas pela sua alegria em ter recebido a graça imensurável de Deus por meio da fé em Cristo. A contribuição é umas dessas atitudes.

1. Para contribuir com alegria o cristão tem que estar sob a graça (vv. 1,5,7)

a) O início da caminhada com Deus se dá por meio da fé pela graça (Ef. 2:8). A graça revela que nada merecemos, mas, mesmo assim, fomos enriquecidos em Cristo: “Pois conheceis a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, tronou-se pobre por vossa causa, para que fôsseis enriquecidos por sua pobreza” – 2ª Co. 8:9.

Graça, aqui, fala de “favor, ajuda graciosa, boa vontade”, também aponta para “aquilo que traz o favor de Deus”, ou ainda “doação generosa da parte dos cristãos, que é considerada como um dom de gratidão”. A atitude dos irmãos da Macedônia nada mais era do que reflexos vivos e práticos da graça de Deus que estava sobre eles; e isso fora externado em atitudes que alcançavam outros irmãos.

b) “Primeiramente deram a si mesmos ao Senhor” (v. 5). Não existe prontidão em dar se não houve, primeiramente, renúncia do ‘eu’. Bem diferente do evangelho da barganha que grassa muitos púlpitos nos dias de hoje. Antes de se entregar generosamente aos outros, precisamos nos dar ao Senhor. Paulo enfatiza em suas cartas a posição de servo de cada cristão. Quem se dá primeiramente ao Senhor, certamente alcançará o objetivo de dar com generosidade, isto é, sem intenção de receber algo em troca. Para estes o famoso receber 100 vezes mais, jamais soará como incentivo para dar. A generosidade jamais pensa no que irá receber, mas de como o que for dar redundará em louvor e glórias a Deus.

É perigoso para a saúde espiritual do cristão, dar para receber algo maior. Isso é pragmatismo religioso. Ou seja, dou, porém tenho em vista o montante que vem para mim.

c) Por meio da graça transbordamos em virtudes e em atitudes cristãs (v. 7).

Aqui temos uma descrição da abundância que estava sobre os crentes. Eles eram abundantes em relação às virtudes relacionadas no versículo: na fé, na palavra, no conhecimento, na generosidade, e no amor. Essas virtudes eram referências para um transbordar de igual expressão na prática de contribuir. Paulo não diz que eles estavam ricos, ou que ficariam ricos ao contribuírem, ao contrário, lemos que eles estavam "em dura prova de tribulação" (8:2). Portanto, o cristão contribui generosamente conforme a abundância de tais virtudes em sua vida. Paulo mostra que a contribuição é fruto da obra operada pelo Espírito no coração do crente, e que aquilo que excedeu a uns, nada mais é do que o que outros precisam, e que não haverá nem sobra, e muito menos falta de algo (vv. 14-15).

2. Para contribuir com alegria tem que ser em liberdade (vv. 3)

O sentido da palavra liberdade é que deram “voluntariamente, de livre acordo; de forma espontânea; de iniciativa própria, sem pedido e sem coação (compelir a fazer ou não fazer). Isto no mostra que não havia promessas de que receberiam tantas vezes mais; ou de que esta contribuição era uma semente que redundaria em colheitas sobejantes, ou algo parecido.

A liberdade é obra do Espírito no coração do crente. É obra da graça de Deus pela fé. O versículo 4 diz que para os crentes isso era um privilégio: “[...] pedindo-nos o privilégio de participar da assistência [..]”. O ato de dar com liberdade não impõe nenhum valor, mas deixa que a liberdade (no Espírito) seja o fator determinante na hora de contribuir. Paulo diz que "[...] deram de livre vontade na medida dos seus bens, e até mesmo acima disso" (8:4).

Em Cristo

Adriano Wink Fernandes


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