segunda-feira, 20 de julho de 2009

O ESPÍRITO SANTO E A PALAVRA

O ESPIRITO SANTO
1.
É O ESPÍRITO SANTO QUE CONVENCE DO PECADO, DA JUSTIÇA E DO JUÍZO
“Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo. 16:8 cf. Ap. 22:17).
“Em relação ao mundo, o Espírito Santo convence do Cristo crucificado (pecado contra Cristo); do Cristo glorificado (justiça de Cristo); e do Cristo que virá outra vez (juízo por Cristo)” (Almeida, 1992, p. 90).
a. Somos lavados e regenerados por obra do Espírito Santo em nós (Tt. 3:5; 1 Co. 6:11). Isto Ele faz por meio do sangue de Jesus que nos regenera: “Muito mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito Eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, justificará a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo” (Hb. 9:14; 1 Jo. 1:7); nos santifica: “em santificação do Espírito, para obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo” (1 Pe. 1:2) – somos santificados pelo Espírito Santo, o sangue e a Palavra (Jo. 17:17).
b. O início da jornada de qualquer Cristão se dá pelo Espírito Santo: “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que esteja convosco para sempre [...] habita convosco, e estará em vós” (Jo. 14:16, 17 – grifo meu. Ver Gl. 3:3; Ef. 1:13).
Enquanto Jesus estava na terra, Ele orientava, ensinava, consolava, confortava. Estava junto dos Seus discípulos. No tempo chamado Hoje, é o Espírito Santo que está junto. Não existe outra força – força cósmica, força interior – pensamento positivo ou atitude mental positiva (AMP), alguma energia fluindo, ou qualquer outra coisa que veio para nos ajudar. Jesus rogou, e o Pai enviou o Espírito Santo, unicamente Ele. Há um movimento sutil e ardiloso, inclusive com muita ênfase no meio evangélico, para o homem reconhecer o seu valor, ver suas possibilidades, buscar toda sua capacidade mental. Podemos ver isto em muitas pregações e canções (não hinos) que exaltam o eu, falam do eu, dizem que eu sou merecedor, e por aí vai. Até parecem bíblicas, mas numa análise mais cuidadosa veremos que é puro antropocentrismo.
c. O cristão deve fazer o que o Espírito Santo faz, isto é:
Glorificar a Cristo (Jo. 16:14);
Testificar (dar testemunho) de Cristo (Jo. 15:26,27);
Anunciar o que Ele recebe de Cristo (Jo. 16:14);
O Espírito Santo não dá lucro, ou louvor para outro, unicamente para Cristo. O Espírito Santo aponta constantemente para Cristo. Movimento carismático que exalta a mariolatria ou idolatria, não provém do Espírito. É movimento estranho. É confusão. São “espíritos enganadores” (1 Tm. 4:1 cf. Mt. 24:5,11). Nesse tempo em que louvores e graças estão sendo dirigidos a ‘grandes homens’, ‘grandes pastores’, a estrelas do mundo gospel, está, mais do que na hora, de revermos o que a palavra de Deus diz (2 Co. 11:3). Correr atrás destes ‘grandes’ também não convém.
2. É O ESPÍRITO SANTO QUE NOS ENSINA TODAS AS COISAS
“Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo. 14:26).
O Espírito Santo é o Mestre por excelência no tempo chamado Hoje. No versículo acima temos pelo menos duas coisas que o Espírito veio fazer: ensinar e lembrar. Mas como se dará isso? Na mesma forma como se deu no ministério de Jesus. Jesus ensinava, mas os discípulos se interessavam pelo ensino, questionavam, perguntavam. Vejamos:
A. Jesus instruía os discípulos e ensinava às multidões (Mt. 11:1; 13:1-3, 54);
B. Os discípulos questionavam a Jesus (Mt. 13:10;36; 18:1,21; 19:27; 24:3; At. 1:3,9).
O Espírito Santo ensina, mas é necessário desejar ser ensinado por Ele. A Palavra foi escrita por inspiração do Espírito Santo sobre os que a escreveram (2 Pe. 1:20-21). Somos ensinados pelo Espírito:
C. Desejando o puro leite espiritual (1 Pe. 2:2; Sl. 42:1; 119:31, 72);
D. Examinando as Escrituras (Jo. 5:39);
E. Examinando, à luz da Palavra, se todas as coisas que ouvimos (e vimos) estão em conformidade com a Palavra (At. 17:11);
F. Reconhecendo a Palavra do Senhor como verdadeira e justa (Sl. 19:10);
G. Observando continuamente a Palavra (Sl. 119:44);
H. Sendo diligente com as coisas espirituais (2 Pe. 1:5a);
I. Através dos servos os quais Ele colocou para esse fim na igreja (Ef. 4:11; Rm. 12:7; 1 Co. 12:28; 2 Tm. 4:1,2; Tt. 1:5);
J. Aquele que lê e examina a Palavra não tem necessidade de ouvir falsos mestres (1 Jo. 2:19,20,26,27).
É digno de repreensão quem negligencia o estudo e ensino da Palavra (Hb. 5:12);
Muitos gostam de culto de poder; culto da vitória, da restituição, do milagre; mas não gostam da Escola Dominical, do ensino. São crentes que estão em perigo, pois são levados por qualquer vento de doutrina. Não se firmam. Qualquer inovação que aparece tomam como bíblica. Os de Tessalônica, que também eram excelentes, correram esse perigo (At. 17:11; 2 Ts. 2:1,2,3a).
3. É O ESPÍRITO SANTO QUE NOS AJUDA A ORAR COMO CONVÉM
Paulo ao escrever sobre as aflições do tempo presente e a glória futura faz referência ao Espírito Santo. Fala da nossa fraqueza, mas da ajuda que o Espírito Santo nos dá (Rm. 8:26); e que o Espírito Santo que ora segundo a vontade de Deus (Rm. 8:27). O Apóstolo João falou que temos Jesus como intercessor junto ao Pai (1 Jo. 2:1-2); Paulo revela que temos um intercessor junto de nós, isto é, no nosso coração, que nos ajuda em nossas fraquezas. A ação do Espírito Santo é tão profunda, que Paulo disse que “Ele intercede por nós com gemidos inexprimíveis”, isto fala de um suspiro sem palavras.
4. É O ESPÍRITO SANTO QUE NOS LEVA A PERFEIÇÃO EM CRISTO
Aos Filipenses Paulo disse que somos aperfeiçoados em Cristo. Como se dá isso? Pela ação do Espírito Santo. Sabemos que começamos no Espírito (Jo. 14:16, 17; Gl. 3:3; Ef. 1:13), e é o mesmo Espírito que nos aperfeiçoa – “irá levar até o fim, e completar finalmente” (Fp. 1:6), que dá continuidade à obra. Isto se dará até o dia de Cristo, ou seja, da Sua vinda. Em Efésios lemos que “Cristo amou a Igreja [...] para a santificar [...] a fim de apresentá-la a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef. 5:25-27). Isto é obra do Espírito Santo, pois Ele nos santifica, e é Ele que levará a Igreja ao encontro de Cristo nos ares.
5. É O ESPÍRITO SANTO QUE DÁ DONS PARA O SERVIÇO
O Espírito Santo é soberano na distribuição dos dons aos crentes. Paulo escrevendo sobre isto diz: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada como quer” (1 Co. 12:11 cf. Hb. 2:4). Esta soberania do Espírito refere-se a todos os dons (1 Co. 12:8-10; 28-30). A soberania do Espírito Santo nos leva a entender que devemos estar sob Sua autoridade, submissos segundo a Sua vontade. Os dons jamais farão parte da nossa natureza, mas estarão sempre atrelados ao agir do Espírito Santo em nós.
Os dons são dados para conduzir a Igreja, para seguirmos a verdade em unidade; para crescimento, fé, conhecimento, perfeição, maturidade (1 Co. 12:13,14,18,27-31; Ef. 4:12-16).
5.1. É o Espírito Santo que nos dá autoridade e poder
Cultos pentecostais’ do reteté, canela de fogo, entre outros não são bíblicos, pois não tem Palavra, pregação cristocêntrica ou doutrinária. São movimentos cheios de barulho, mas vazios de conteúdo bíblico! Tome muito cuidado de pregadores que exaltam experiências e testemunhos, mas não usam a Bíblia, não pregam a palavra.

No dia de Pentecoste houve grande efusão do Espírito sobre os presentes, mas chegou um momento que Pedro disse: “[...] escutai as minhas palavras” (At. 2:14 – grifo meu), e pregou a Palavra: “Mas isto é o que foi dito pelo Profeta Joel” (At. 2:16). Foi um culto totalmente decente e com ordem (1 Co. 14:40 cf. 14:23).
Autoridade (ἐξουσίαν): sai da natureza essencial da pessoa (no caso Deus); o direito de ser obedecido.
- Em Atos 17:2,3 Paulo expõe com autoridade a respeito do Cristo;
- Em Mateus 11:27 Jesus fala que recebeu autoridade (diretamente) do Pai;
- Em 1 Coríntios 15:24-28 Paulo fala que um dia todo poder, autoridade e domínio cósmicos estarão sob a autoridade suprema de Cristo, que os entregará ao Pai.
Poder: é capacitação para usar os dons.
Jesus tinha sobre Si o poder do Espírito Santo para o desempenho ministerial (Lc. 4:18); neste mesmo poder Jesus enviou os discípulos (Mt. 10:1; Lc. 10:1); à Grande Comissão foi dada este poder (Mt. 28:18-20; Mc. 16:15-20); a Igreja foi inaugurada com este poder e foi cheia de autoridade (At. 1:8); Paulo esteve entre o coríntios no poder do Espírito Santo (1 Co. 2:4-5; 2 Co. 10:4-6). Esse poder não é somente para demonstrações sobrenaturais, mas também para suportar as aflições e agruras ministeriais (2 Tm. 1:6-8); Timóteo devia se fortificar (capacitar, dar poder, fortificar) para, como soldado, suportar as aflições (2 Tm. 2:1-4 cf. Ef. 6:10ss).
Para muitos, hoje, poder e autoridade está diretamente e necessariamente ligado a movimentos, pulos e algo do gênero (muitos dizem que o culto foi de fogo, o pregador era canela de fogo, etc...) – mesmo que algumas destas práticas estejam em confronto com a Bíblia, ou que não haja uma pregação bíblica no culto –. Alegam que tem que haver, visivelmente, algum tipo de manifestação que gere algum tipo de movimento. Porém, biblicamente, poder e autoridade não significam isso.
Jesus pregava e ensinava com poder e autoridade, mas nem sempre havia manifestações de prodígios e maravilhas (Mt. 5:2; 7:28-29; 13:36; Mc. 4:1-2). Apolo era poderoso em palavras (ousado, isto é, falar livremente, abertamente, destemidamente), mesmo sem ter recebido o batismo no Espírito Santo (At. 17:24-26); Paulo pregava e ensinava com poder e autoridade, mas sem, necessariamente, haver essas aclamadas manifestações (At. 20:7-9; 2 Co. 10:4-7); a Tito Paulo exortou que ensinasse a sã doutrina (Tt. 2:1; ver 1:5). Porém não podemos ignorar que no ministério, tanto de Cristo como dos Apóstolos, houve milagres, prodígios e maravilhas, mas sempre acompanhados do ensino e pregação da Palavra. O Espírito Santo opera com decência, ordem, clareza (1 Co. 14)
Enganam-se os que pensam que poder e autoridade estão diretamente ligados a todo e qualquer movimento. Por causa disso, existem muitos movimentos e práticas estranhas no meio pentecostal nos dias de hoje, baseados em experiências sem apoio bíblico. Tenhamos cuidado!
O Fruto do Espírito
O Fruto do Espírito deve fazer parte do caráter do cristão. Enquanto as obras da carne nos levam à vanglória e à cobiça (Gl. 5:26), o Fruto do Espírito nos conduz pelo caminho da humildade (Gl. 6:1,2). Devemos ter em mente que o fruto é do Espírito, isto é, não está em nossa natureza, “não cresce naturalmente do solo da nossa carne humana” (Horton). Deve ser diligentemente buscado (2 Pe. 1:5-7); ao contrário estaremos infrutíferos e cegos (2 Pe. 1:8-10). Enquanto o dom do Espírito Santo é visto só quando manifestado por Ele em nós, o Fruto é visto por todos, inclusive por nós (Mt. 12;33). Podemos ser cheios de dons espirituais, mas se negligenciarmos em viver e andar no Espírito, achando que os dons mostram e atestam nossa santidade, estaremos caindo em grande erro e corremos o perigo de sermos reprovados.
A PALAVRA
A Palavra escrita revela-nos Deus de uma forma que não podemos negar o que ela nos diz a respeito do Deus trino. O Salmista disse que “os céus declaram a glória de Deus; e o firmamento proclama as obras das Suas mãos”, mas também disse “que a lei do Senhor é perfeita... o testemunho do Senhor é fiel... os preceitos do Senhor são retos... o mandamento do Senhor é puro... as ordenanças do Senhor são verdadeiras” (Sl. 19).
Abraão e Isaque conheceram a Deus como Todo-Poderoso; mas a Moisés Deus se revelou como Senhor, ou seja, o Deus do concerto e da redenção (Ex. 6:3). Mais tarde disse Deus a Moisés “... escreve estas palavras, pois conforme o teor destas palavras fiz aliança contigo e com Israel” (Ex. 34:27). O Senhor, além de cumprir as promessas por meio de Moisés com a nação de Israel, desejou deixar escrito. O teor da escritura era de aliança, concerto, para sempre.
O Salmista disse que o Senhor julgará os povos com verdade e com equidade (Sl. 96:13; 98:9); com justiça (At. 17:31; 1 Pe. 2:23); segundo o Evangelho (Rm. 2:16 cf. 2 Tm. 4:1-2; 1 Pe. 4:5-6). Como saberemos sobre a verdade, equidade, justiça, evangelho do Senhor? Através da Sua Palavra. Aos que rejeitam a verdade, Deus envia a operação do erro para que sejam julgados. Também a operação do erro está revelada na Palavra, pois esta é a rejeição deliberada da Verdade (1 Ts. 2:10-11); o julgamento final se dará pelo que está escrito no livro da vida (Ap. 20:12-13).
1. É por meio da Palavra que conhecemos o Evangelho de Cristo
“De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rm. 10:17;). A fé (crer) para salvação vem através da Palavra (veja 1 Ts. 2:13; Tt. 1:3; Hb. 4:2). O pecador “vê a si mesmo” ao ouvir a Palavra (Ez. 33:1,2a; 1 Tm. 1:15); João Batista pregou e mensagem do arrependimento (Lc. 3:3); Pedro escreveu que fomos “regenerados pela [incorruptível] Palavra“ (1 Pe. 1:22-23); Tiago escreveu que a “Palavra... em vós implantada... é poderosa para salvar” (Tg. 1:21); a “Palavra de Deus é viva e eficaz” (Hb. 4:12); a Palavra aponta para a cruz (1 Co. 1:17-18).
2. É por meio da Palavra que somos edificados
A. Jesus compara o que ouve e pratica a Palavra ao sábio construtor, pois edifica a casa após cavar, abrir bem fundo, lançar os alicerces sobre a rocha. Isto fala de trabalho árduo, estudo e meios para edificar corretamente, investimento. O Cristão edifica sua casa (οἰκο) espiritual (1 Pe. 2:5) sobre a Rocha, e esta Rocha é Cristo.
B. Judas disse que devemos nos edificar sobre a santíssima fé (Jd. 20); está fé está alicerçada na Palavra. No verso 17 ele diz: “lembrai-vos das palavras que foram preditas pelos Apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo”.
C. A exortação de Pedro é para que desejemos o puro leite espiritual (1 Pe. 2:2-5 cf. Sl. 119:37,66):
- Desejar tem o sentido de “um desejo intenso, ansiar” (veja Sl. 42:1; Sl. 119:59);
- Puro significa “puro, sem adulteração, inalterado” (ver Sl. 119:72 cf. Gl. 1:12; 1 Co. 2: 4-5; 3:2a);
- Espiritual é “aquilo que pertence à palavra” (veja 1 Pe. 1:22-23). (Em Rm. 12:1 essa palavra é traduzida por racional).
Ele segue dizendo que somos edificados “como... para... a fim de”. A raiz de edificar é οἰκο que é casa, lar – fala de início, princípio, começo. Aí cabe perguntarmos: como se edifica uma casa? Ou como se inicia a edificação de uma casa? Ou, ainda, como se edifica um lar?
D. Pedro amplia, ainda mais, o pensamento da edificação e crescimento espiritual com a recomendação: “empregando toda a diligência, acrescentai...” (2 Pe. 1:5):
- Diligência dá a idéia de: pressa, velocidade (foi pedida apressadamente a cabeça de João Batista [Mc. 6:25], e Maria foi apressada às montanhas de Judá); esforço, entusiasmo, diligência, zelo (“o que exerce misericórdia [zelo]” Rm. 12:8; ser fervoroso [Rm. 12:11]; zelo [2 Co. 7:11; 8:7ss]; em Hebreus zelo é o mesmo que cuidado, aplicação: “mostre o mesmo zelo até o fim” [Hb. 6:11]; diligência [Jd. 3]; devoção, [grande] cuidado [2 Co. 7:12]; solicitude [2 Co. 8:16]). O Salmista disse: “Apressar-me-ei, e não me deterei, a observar os Teus mandamentos” (Sl. 119:60).
E. É por meio da Palavra que nos tornamos: “mais sábios... mais prudente” e com “mais entendimento” (Sl. 119:98-100).

Que Deus vos abençõe em Cristo,
Adriano Wink Fernandes

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